Antes eu era uma noite, tal e qual as noites
de inverno que ilustram a vida dos perdidos em uma paixão. Em meio a nuvens
negras estava o meu coração, a lua que antes era cheia tornara-se minguante, e
por tantas decepções se escondera deixando de brilhar. A noite era eterna para
si mesma, e o coração/lua, já estava se desfalecendo em meio a tanta desilusão.
Parecia que a luz não viria mais, e a dor de viver na escuridão já não era mais
sentida, pois a amargura tinha se feito necessária. Tudo
parecia monótono e frio, escuro e sem vida, quando de repente algo de súbito
aconteceu! Uma luz havia aparecido e a lua que de morta já parecia nem se deu
conta de que uma estrela linda e radiante havia tomado conta do seu céu. Noites
se passaram, o céu já não estava tão morto, a estrela ofuscara a luz da lua e
tomou pra si a atenção daquela que parecia não mais ter vida. Lua e estrela se
viam e a noite já não era tão triste, a lua mesmo desfalecida de dores passadas
ainda conseguiu se mover, porém para algo que seria o veneno de sua alma, algo
que iria lhe matar aos poucos. Um sentimento que lhe servia de remédio, mas que
lhe causaria a morte. Lua e estrela se apaixonaram, porém era um amor
impossível, pois estrela era e não Sol, Lua era e não Mar. A alegria de amar se
rendeu a dor de não poder viver essa paixão, e então tudo mais escuro se
tornou, pois como ferida magoada ficou a lua, sua dor era visível, mas
imensurável. Bem maior que a dor de se minguar e bem mais intensa que a saudade
de lua cheia em presença de sua amada estrela. Hoje, como lua e estrela vivemos. O amor que para muitos é paz, para nós
é desprezo. O amor que para uns é remédio, se tornou o nosso mortal veneno, que
de tão forte tem me matado aos poucos. O meu céu já não brilha mais, e a minha
lua já não vive sem teu brilho. Talvez a vida nos junte de novo algum dia, e se isso acontecer, terei a
alegria de viver e de sentir o seu brilho a me iluminar a alma. Se juntos não
ficarmos, nos restará a amizade, e nas noites de duras e fortes tempestades,
estarei por perto, para te guiar, ou para ser guiado, por esse sentimento que
dantes era o alívio de nossa alma, e que por limitações do destino, se tornou o
tormento de nossa vida.
Jardel Oliveira - 2011