quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Memórias póstumas de um amor proibido.





Antes eu era uma noite, tal e qual as noites de inverno que ilustram a vida dos perdidos em uma paixão. Em meio a nuvens negras estava o meu coração, a lua que antes era cheia tornara-se minguante, e por tantas decepções se escondera deixando de brilhar. A noite era eterna para si mesma, e o coração/lua, já estava se desfalecendo em meio a tanta desilusão. Parecia que a luz não viria mais, e a dor de viver na escuridão já não era mais sentida, pois a amargura tinha se feito necessária.                                                                                                                                      Tudo parecia monótono e frio, escuro e sem vida, quando de repente algo de súbito aconteceu! Uma luz havia aparecido e a lua que de morta já parecia nem se deu conta de que uma estrela linda e radiante havia tomado conta do seu céu. Noites se passaram, o céu já não estava tão morto, a estrela ofuscara a luz da lua e tomou pra si a atenção daquela que parecia não mais ter vida. Lua e estrela se viam e a noite já não era tão triste, a lua mesmo desfalecida de dores passadas ainda conseguiu se mover, porém para algo que seria o veneno de sua alma, algo que iria lhe matar aos poucos. Um sentimento que lhe servia de remédio, mas que lhe causaria a morte. Lua e estrela se apaixonaram, porém era um amor impossível, pois estrela era e não Sol, Lua era e não Mar. A alegria de amar se rendeu a dor de não poder viver essa paixão, e então tudo mais escuro se tornou, pois como ferida magoada ficou a lua, sua dor era visível, mas imensurável. Bem maior que a dor de se minguar e bem mais intensa que a saudade de lua cheia em presença de sua amada estrela.                                                                                                         Hoje, como lua e estrela vivemos. O amor que para muitos é paz, para nós é desprezo. O amor que para uns é remédio, se tornou o nosso mortal veneno, que de tão forte tem me matado aos poucos. O meu céu já não brilha mais, e a minha lua já não vive sem teu brilho.                                               Talvez a vida nos junte de novo algum dia, e se isso acontecer, terei a alegria de viver e de sentir o seu brilho a me iluminar a alma. Se juntos não ficarmos, nos restará a amizade, e nas noites de duras e fortes tempestades, estarei por perto, para te guiar, ou para ser guiado, por esse sentimento que dantes era o alívio de nossa alma, e que por limitações do destino, se tornou o tormento de nossa vida.


Jardel Oliveira - 2011

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

LÁBIOS IGUAIS



O encontro entre duas bocas sempre revela muito mais que os sons que o ato ecoa. O beijo é uma amostra de carinho, de cuidado, de intimidade e outras vezes até um atestado de liberdade.            É estranho viver em um mundo onde grande parte das tragédias já soa como algo normal, e um beijo ganha tamanha proporção e é tomado por catástrofe da natureza ou coisa semelhante.           Qual a diferença das bocas serem iguais?
É a dita inversão de valores. Vi religiosos e conservadores sedentos por uma censura imediata, querendo pregar a todo custo suas normas e dogmas em um país miscigenado. É incrível, de uma hora pra outra o país é tomado por uma censura invisível, um cabresto que não é visto, mas é colocado.
Nenhum de nós tem a liberdade de tornar a nossa verdade em uma verdade absoluta, o próprio Cristo nos deu livre e arbítrio e o homem segundo suas próprias leis, querem a todo custo eleger as suas verdades e às suas maneiras.
Enquanto o mundo aponta para um simples beijo, dentro de várias casas encontramos sorrisos no rosto de corações vazios. Filhos brilhantes e anonimamente depressivos. Famílias completamente destruídas pelo poder do preconceito. Corações culposos por uma culpa que não existe.
Chega a ser um atestado de insensibilidade, grossura, falta de amor e compreensão. Chega a ser aquela espada que não é visível mais que perfura o mais intimo da alma, que ao invés de sangue, respinga culpa e exclusão.
Quando se levanta esse debate, a frase mais usada é: “As pessoas não estão preparadas para ver um beijo entre duas pessoas do mesmo sexo na TV”. HIPOCRISIA. É paradoxo e surreal encontrar em pleno século vinte e um, pessoas que não estão aptas a ver um beijo na televisão, mas se esbaldam nas desgraças alheias e assassinatos gratuitos escancarados diariamente em seus telejornais.
Meu único desejo para o mundo se resume em apenas uma palavra: HUMANIDADE.



domingo, 16 de fevereiro de 2014

DIÁRIO SOLITÁRIO





As vezes eu chego a não entender minha capacidade de conseguir estar sozinho. É algo fora do comum. Me sinto como se fosse uma molécula de água à parte do oceano, e tento a todo custo procurar motivos para tal exclusão a qual eu mesmo me proponho. 
Sinto que sou diferente de tudo que pensam sobre mim, me sinto tão menino aqui no meu mundo, minha adolescência (poupada por mim mesmo) parece que ainda está viva e luta com minhas responsabilidades para se manterem juntas no mesmo corpo. 
Minha fé é estranha, minhas opiniões e aceitações são tão estranhas quanto. 
Minha diversão é estar comigo mesmo no escuro de um apartamento cheio de móveis apenas, chega a ser mórbido, embora não tenha nenhuma afinidade com as coisas do mundo gótico...ops, esqueci que tenho afinidade com TUDO! Me parece que bebo de todas as fontes, que em contrapartida a molécula de água à parte do oceano, sou oceano cheio, embebido de várias águas, de várias fés, de várias opiniões.
Sou uma incógnita para mim mesmo.

P.S: Pareço normal, mas assisto novelas mexicanas no Youtube!